Washington - ”Savimbi era um homem que apoiava a América e que lutava
contra a ditadura que os soviéticos instalaram em Angola", disse Manafort.
Fonte: Lusa
O milionário
norte-americano Paul Manafort, chefe da campanha presidencial de Donald Trump,
ajudou a financiar o movimento de Jonas Savimbi durante a guerra civil em
Angola e está envolvido num processo de alegada corrupção na Ucrânia.
Segundo a France Presse, Manafort, 67 anos, destacado rosto da campanha
presidencial do candidato republicano Donald Trump às eleições de novembro nos
Estados Unidos, tem sido um "estratega" e um lobista a favor de
financiamentos norte-americanos de grupos políticos e de ditadores em todo o
mundo, durante as últimas décadas.
Paul Manafort, ao longo de 40 anos foi conselheiro dos presidentes Gerald
Ford, Ronald Reagan e George W. Bush, tendo também utilizado as empresas de que
era proprietário, nomeadamente a "Back, Manafort, Stone and Kelly",
para influenciar financiamentos.
Alguns desses financiamentos foram destinados ao antigo regime de
Ferdinando Marcos, nas Filipinas, ao antigo governo ditatorial da Somália, ao
executivo das Bahamas, ligado ao tráfico de droga, ao ex-ditador do Zaire
Mobutu Sese Seko, e também à UNITA, movimento angolano de Jonas Savimbi, durante
a guerra civil em Angola (1975-2002).
"Savimbi era um homem que apoiava a América e que lutava contra a
ditadura que os soviéticos instalaram em Angola", disse Manafort no
passado mês de abril à estação de televisão norte-americana Fox News.
De acordo com a France Presse, o caso que mais pode afetar a campanha de
Donald Trump relaciona-se com as supostas ligações entre Manafort e o antigo
presidente ucraniano Viktor Yanukoych, apoiado por Moscovo e afastado do poder
durante o levantamento popular de Kiev em 2014.
O nome do empresário e porta-voz do candidato republicano às eleições
presidenciais mais polémicas das últimas décadas nos Estados Unidos foi também
mencionado no escândalo político em França em meados dos anos 1990 conhecido
como o "Caso Karachi".
Na altura, foram levantadas fortes suspeitas relacionadas com dois
contratos de material bélico de fabrico francês com o Paquistão e a Arábia
Saudita e que, segundo a acusação, serviram para financiar a campanha
presidencial de Edouard Balladur, em 1994.
Em 2013, Manafort admitiu que pagou a um intermediário de origem libanesa
para aconselhar Balladur sobre o negócio das armas.
Em declarações à Fox News, o empresário norte-americano também admitiu
recentemente que ajudou o ex-presidente da Ucrânia, atualmente exilado na
Rússia, a aproximar-se da Europa e a "mudar de discurso", numa altura
em que o regime era acusado de suprimir liberdades fundamentais.
As relações entre Manafort e o regime de Vladimir Putin têm sido
investigadas pela imprensa dos Estados Unidos após as declarações de Donald de
Trump a defender o chefe de Estado russo e o estreitar dos contactos entre
Washington e Moscovo.
O chefe do novo Gabinete Anticorrupção da Ucrânia, Artem Sytnyk, disse esta
semana em Kiev que mais de 12 milhões de dólares norte-americanos foram
destinados como pagamento de supostos serviços às empresas de Manafort entre
2007 e 2012, apesar de não ter sido provado que o atual chefe de campanha de
Donald Trump tenha recebido o dinheiro.
Manafort já negou qualquer "mau procedimento", afirmando que
nunca recebeu pagamentos irregulares de Kiev e que nunca trabalhou para os
governos da Ucrânia e da Rússia.
A função que desempenha na equipa eleitoral de Donald Trump marca o
regresso de Manafort à política, depois de ter sido rejeitado por John McCain,
candidato republicano às eleições presidenciais nos Estados Unidos em 2008,
alegadamente devido às ligações ao ex-ditador ucraniano Viktor Yanukovych.
Paul Manafort, nascido no Connecticut, filho do antigo presidente da câmara
do Partido Republicano, formado na Universidade de Gerorgetown, integra a
campanha de Donald Trump desde o passado mês de março.
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